Seleção

Por um novo perfil de adoção

Judiciário lança campanha para flexibilizar o olhar sobre as crianças em abrigos e incentivar o acolhimento das maiores de três anos

O Judiciário gaúcho lançou campanha para incentivar a flexibilização do perfil de menores para adoção. A ideia é tentar mudar o cenário atual, que de certa forma é histórico. Mais de cinco mil pretendentes são considerados habilitados e aguardam na fila para acolhimento no Rio Grande do Sul. A maioria, contudo, não abre mão de levar um bebê para casa ou no máximo crianças de até três anos. Enquanto isso, centenas de outras com mais idade permanecem nos abrigos à espera de um lar. A promoção é intitulada Deixa o Amor te Surpreender.

Capitaneada pela Corregedoria-Geral da Justiça e Coordenadoria da Infância e Juventude do Rio Grande do Sul (CIJRS), a iniciativa teve sua primeira etapa de ação lançada na última semana em Porto Alegre, voltada a magistrados e servidores que atuam na área da infância e juventude. Em um segundo momento será direcionada à sociedade. A proposta é mostrar através de exemplos famílias que adotaram grupos de irmãos, adolescentes e jovens com deficiência.

De acordo com a CIJRS, do total de candidatos a adotantes, apenas 1,83% aceita crianças acima de dez anos. A maioria, mais de 61%, declara que busca menores de até três anos. Além disso, grupos de irmãos e jovens com deficiência têm menos chances de serem adotados. Para esses, é grande a probabilidade de atingirem a maioridade sem a chance de ganhar uma família e um lar.

“O que se quer é que os candidatos a adotantes tenham a oportunidade de ver que têm outra opção, além dos recém-nascidos, que são o perfil mais procurado”, ressalta a coordenadora da CIJRS, juíza-corregedora Andréa Rezende Russo. Para a corregedora-geral da Justiça, desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira, é importante o desenvolvimento de ação que leve à reflexão e a uma mudança de cenário.

Projeto municipal está em estudo
Nos abrigos de Pelotas a situação não é diferente e está em estudos o projeto Família Educadora, que avalia os gastos da prefeitura com os menores nos abrigos e propõe que famílias cadastradas, avaliadas em diversos aspectos e após selecionadas, sejam pagas para receberem essas crianças em suas casas. Segundo secretário de Segurança e Justiça Social, Luiz Eduardo Longaray, o objetivo é tirar crianças e adolescentes dos abrigos. Por enquanto, porém, não passa de uma proposta em análise.

Curso de atualização
A campanha do Judiciário foi lançada durante a abertura do Curso de Atualização de Magistrados, realizado na Escola Superior da Magistratura da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), em Porto Alegre. O evento reuniu juízes que atuam na área da Infância e Juventude. O presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, desembargador Luiz Felipe Silveira Difini, enfatizou a importância e complexidade da matéria em debate.

Números no Estado
5.560 pretendentes habilitados aguardam na fila de adoção
625 crianças e adolescentes em abrigos à espera de um lar, sendo:
* 566 jovens com dez anos ou mais
* 430 pertencem ao grupo de irmãos
* 36 com deficiência física
* 96 com deficiência mental
* 30 com HIV
Fonte: Judiciário

Números em Pelotas
193 pretendentes habilitados aguardam na fila de adoção
22 crianças e adolescentes em abrigos à espera de um lar, sendo uma criança de cinco anos e grupos de irmãos adolescentes
Fonte: Judiciário

Números nos abrigos municipais
49 crianças até dez anos abrigadas
36 com mais de dez anos
15 no grupo de irmãos
oito com deficiência mental
um com deficiência visual
um com deficiência física
dois com HIV
um com síndrome
dois com transtornos

Fonte: Secretaria de Segurança e Justiça Social

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Dedicação e tempo aos amigos Anterior

Dedicação e tempo aos amigos

Próximo

Audiência Pública em Pelotas debate o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

Deixe seu comentário